Opinião: Os Hiaces e as michas dos cobradores nas contratações de jogadores

Por: Paulo de Angola

A montagem da equipa de trabalho com equilíbrio de qualidade é peça-chave para o sucesso de qualquer plantel cujos objectivos sejam as conquistas de troféus nas competições envolvidas, assim como a escolha de um bom lotador, cobrador e taxista, é a chave para a rentabilização do Hiace. Quantos como eu têm Hiace no processo, em que os cobradores são os maiores beneficiários da produção diária, no ponto de vista de lucratividade percentual?

Num clube desportivo, acertar nas contratações parece uma tarefa fácil, mas cada vez mais clama por especialização e rigor, buscando por profissionais que sejam competentes, comprometidos e colaborativos. A forma de contratação e o que se contrata pode ser um dos motivos para o fracasso dos objectivos, assim como determinante no impacto financeiro das organizações. No entanto, como é feito o trabalho nos bastidores das equipas?

Quais critérios são avaliados pelos gestores na hora de contratar?
Como funcionam na prática a compra e a venda de jogadores de futebol?
A quem recaí a responsabilidade de contratar?

Nas instituições modernas, voltadas para a lucratividade, os analistas de desempenho e auxiliares técnicos são responsáveis por coletar dados estatísticos recentes e de toda a carreira de um determinado atleta, assim como analisar como se comporta fora de campo e se tem potencial para se encaixar na forma de jogar do clube. Tudo isso para saber se ele pode contribuir para o sucesso do time.

A ser verdade, então qual é o papel dos cobradores e donos dos hiaces nas contratações?
Quem são os principais beneficiários?
Quando as coisas não correm bem, a quem devem se justificar?
Quanto um jogador representa de custo-benefício num clube?
Os nossos gestores sabem o quanto é imprescindível saber se o valor dos salários e outras contas a serem pagos são ou não compatíveis com as necessidades e ambições da instituição?
Quanto se gasta numa época em contratações em relação aos valores que se pretende conquistar?

Por mais que tento compreender e recebo justificações, encontro dificuldades em perceber a diferença destes actores com o filho da mãe do sacana que se enriquece à custa do meu azul e branco. Como se justifica quando parte do percentual do acordo vai a favor do contratante ou o acordo é feito porque o representante do contratado paga percentagem do pagamento ao contratante?

Estamos em fase de mercado e, os clubes se desdobram para reforçar os seus planteis, uns gastando e prometendo o que nunca viram, outros anunciando o que desconhecem, enquanto os mais beneficiados pelo dinheiro público, gastam e gastam sem noção dos lucros. Para tentar colocar razão no juízo da minha confusão, visitei algumas das contratações feitas nas últimas 5 épocas pelo 1º de Agosto e o Petro de Luanda. Sem ter noção real dos custos e como não quero entrar para páginas das especulações, vou ficar pela desconfiança de um taxista, no final do dia, em relação ao seu cobrador.

Só faturamos isto?
Filho da mãe deste gajo, não pode, se até as 11 horas já tínhamos selado a conta do boss, como só temos isto?
É por isso que ele tem a casa, carro e todas as outras condições que contradizem com a receita dele salarial.

O 1º de Agosto contratou o português DIGO ROSADO, em 2017, que em 41 jogos possíveis apontou 5 golos, em 24 jogos, sendo que 48% foi a suplente. Em 2018 foi a Omã, contratar o KEHINDE YISA, para em 2 épocas fazer 31 jogos, em 78 jogos possíveis, 67% a suplente. No mesmo ano, foi aos cipriotas do Dogan Turk Birligi SK, buscar o também nigeriano RAZAQ ADEGBITE, para em 42 jogos possíveis, fazer 23, 43% a titular, tendo apontado 2 golos, terminando o vínculo contratual, válido por 2 épocas, emprestado ao Desportivo da Huíla. Ainda em 2018, foi ao Ituano do Brasil, buscar ANDERSON AQUINO, para em 36 jogos possíveis, fazer 16, tendo apontado um golo e uma assistência. Também em 2018, foi ao AS Vita Club, buscar o EMMANUEL NGUDIKAMA, para em 2 épocas 30 jogos, 44% como suplente, num total de 76 jogos possíveis, tendo apontado 3 golos. Em 2019 foi aos Sul-africanos do Maritzburg United, contratar o camaronês YAZID ATOUBA, para em 2 épocas fazer 34 jogos, dos 77 possíveis. No ano passado foi aos congoleses democráticos do Daring Club Motema Pembe, buscar RACHIDI ASUMANI, que em 37 jogos possíveis fez 9. A procura de uma lateral que possa fazer preencher as lacunas na lateral direito, foi ao Interclube, buscar o MIRA, para fazer 8 jogos, em 37 possíveis, foi buscar ao rival Petro de Luanda o internacional angolano HERENILSON CARMO, que apesar de ter feito 32 jogos, dos 37 possíveis, este a quem dos níveis evidenciados ao serviço do Petro de Luanda, foi ao TP Mazembe buscar o congolês de Brazzaville, ELVIA IPAMY, para fazer 2 jogos, em 37 jogos possíveis, adicionando a equipa técnica liderada pelo português PAULO DUARTE, tinha como um dos adjuntos, o burquina NARCISSE YAMÉOGO.

No mesmo período, o Petro de Luanda foi ao Brasil contratar o BUBINHO, para fazer um jogo em 35 jogos possíveis, no mesmo ano contratou o também brasileiro DINEY, para em 2 épocas fazer 2 golos, em 42 jogos, dos 67 possíveis, 42% dos jogos como suplente, e o nigeriano DENNIS SESUGH, que em 3 épocas marcou 2 golos, em 27 jogos. Em 2018, regressou o Brasil para contratar o HARRISON, que marcou 1 golo, em 3 jogos. No mesmo ano, foi aos ganenses do Hearts of Oak, contratar em litígio, INUSAH MUSAH e ISAAC MENSAH, o primeiro, em 3 épocas fez 47 jogos, dos 126 possíveis, ao passo que o segundo, em igual tempo, fez 5 golos, igual número de assistência, em 52 jogos, dos 126 possíveis. Em 2019, foi aos quenianos do Gor Mahia contratar o ruandês JACQUES TUYISENGUE, que marcou 4 golos, 2 assistências, em 24 jogos, dos 36 possíveis, 78% dos jogos como suplente, foi aos ingleses do Blackpool, contratar o internacional angolano DOLLY MENGA, proveniente dos escoceses do Livingston, para fazer 10 jogos, dos 36 possíveis, 83% dos jogos como suplente. Na época passada fez um investimento milionário, e foi a Suíça contratar ANTÓNIO DOMINIQUE e JOAQUIM ADÃO, o primeiro fez 21 jogos, em 45 possíveis, o segundo fez 11 jogos, em 45 possíveis, 87% como suplente. Regressou ao Brasil para contratar o MAIKON LEITE para em 45 jogos possíveis, fazer 4 jogos; Na Alemanha buscou JOSÉ MATUWILA para em 45 jogos possíveis, fazer 17 jogos, ao passo que com a intenção de reforçar o sector defensivo intermédio, foi ao Interclube buscar o ITO que em 45 jogos possíveis, fez 26 jogos.

O resto, todos sabem e conhecem os Hiaces, os micheiros, os cobradores e cada um aguarda ansiosamente pela sua oportunidade. Até lá, desejo sucesso a todas as novas contratações e que haja cada vez menos cobradores.

 

Opinião: Eu em “Sagrada Esperança”

Dizem que ela é a última a morrer, uma virtude que dá alento aos aflitos, que ajuda-nos a enfrentar os conflitos e, nos faz pensar que é possível um dia comermos croissant e caviar, mesmo depois de crescermos com arroz “branco” e peixe frito, ohhh Sagrada Esperança! Desculpem-me, tentei poetizar a Esperança, mas a verdade é que, a nossa realidade futebolística anda muito longe de ser poética, terminou recentemente a edição 2020-2021 do Girabola, para muitos, o “Giracovid”, mas para mim foi simplesmente o Girabola, igual á si mesmo, e talvez, tenha sido a edição mais estranha e atribulada das  últimas três épocas.

O campeonato terminou, finalmente, mas como o lema desta época foi << Confusão- Para um futebol mais “angolano”>>, o mesmo não poderia ter terminado em paz, porque a paz, não anda de mãos dados com o nosso futebol, então, a Arbitragem soou o apito, e a comitiva do GD Sagrada Esperança partiu em Sprint, directo para o amadorismo e falta de urbanidade, o som do apito do árbitro ao marcar grande penalidade á favor dos tricolores, activou espírito dos Lundas que soltaram  toques de “Tchianda” até aos balneários, obrigando á todos a terem de aguardar que o diamante volte a brilhar em campo, a equipa de arbitragem encarnou o papel da corte papal, e aplicaram o artigo 55 do código de misericórdia do Vaticano, tudo isto, para a loucura de alguns catedráticos do futebol, num jogo marcado pela visão abençoado dos assistentes, onde Gerson “Iluminado” anulou o golo do Lépua, por suposta falta do avançado, mas Oque parece, é que a arbitragem usou critérios avançados, porque no máximo,repito, no máximo , oque  existiu foi um cafuné de Lépua ao Eddie Afonso, e talvez, o assistente tenha considerado assédio…

Faltam-me palavras para resumir este campeonato, marcado pela descoberta cobertura televisiva, onde o São Consorcio intercedeu pelo aflitos, e os profetas da Comissão Multisectorial de combate á covid-19 que várias vezes previram cenários estrondosos da covid no desporto, submetendo clubes á quarentenas muitas vezes desnecessárias, e a proibir a entrada de público nos estádios, mesmo sendo claro, que a pandemia em Angola nunca chegou a atingir níveis de infeção estratosféricos, e isso é simples de perceber, bastava um cálculo dos números da covid com base na população total de Angola, oque aconselho, são medidas mais locais e específicas, e talvez, um pouco mais respeitosos e criteriosas, mas quem sou eu para questionar os Doctores ?

Éhhh salta na área, em Luanda todo mundo é Zé ? Ok, mas no Girabola todo mundo é Vingumba, oque dizer do caso que mais agitou os debates desportivos ? Mais um, dos graves problemas do nosso futebol, mais um, que levanta questionamentos pela forma como se originou, e pelo desfecho que teve, sem querer voltar a abrir o dossiê, digo que este e outros casos, retiram a verdade desportiva do campeonato, e tiraram gosto e sabor á essa edição covidiana do Girabola, que mesmo com as doações de empresas públicas, viu clubes a acumular dívidas com salários a jogadores e treinadores, com dificuldades de transporte, e até de alimentação para suas comitivas, ou seia, foi um campeonato á Imagem do estado do país, e hoje, conseguimos perceber, que o fracasso do futebol angolano, é suportado pelos seus agentes!

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